segunda-feira, 21 de abril de 2008




Se me peguntarem eu direi que encontrei, mas que eu perdi, mesmo sem ter perdido. Direi que perdi para não ter que dizer que desisti de tentar, ou que não vou tentar, ou que tentei e não consegui e não tentarei de novo. Para se arriscar é preciso muito mais que coragem. É preciso ter no mínimo sua auto-estima multiplicada por mil elevada a milésima potência. Aceitar que tem a chance do não e que muitas vezes ter uma portentagem muito grande de ela ser a única chance já é um passo para não tentar.
O que faz de você essa poesia passada? Qualquer gesto que você esboça, qualquer fala, esse cheiro, ah! esse cheiro insignificante de roupa limpa que se não fosse em você não faria diferença em ninguém, mas que em você é tão importante. Por falar em importância... Por que você é tão importante? Por que você é assim, tão sincero, tão envolvente, tão paciente e calmo? Por que me fez ter esperança no que eu já não acreditava? E tirou todo o vermelho e transformou tudo em branco, e me fez sentir bem sendo humano. E toda aquela consciência de que existe o mal. Mas me fez sentir calafrio. Você não sabe. Mas me faz... Você é uma sombra do passado. E por que me faz acreditar que o futuro será diferente? Você já é importante pra alguém. Alguém é importante pra você? Posso lhe ser importante????
Confiar?

Elisa

sábado, 19 de abril de 2008

"eu já soube o cheiro do seu sapato; o cheiro do seu sapato molhado de chuva. chovia às vezes e eu não gostava, as pessoas saiam correndo na chuva, e riam; e eu não gostava porque não tomava chuva, porque gripava toda vez, ou griparia. eu penso que sei o cheiro do seu sapato molhado de chuva, e do barro molhado preso na sola; e eu que não gosto de chuva, sempre gostei de chuva, da chuva no seu sapato molhado; seu sapato de pano molhado de chuva, as suas meias enroladas do lado da mochila eram tão bonitas, joviais. você ria e chorava; o meu café me consolava enquanto chovia e as pessoas se encharcavam nas poças, felizes e nuas. chovia às vezes no meu guarda-chuva, o pano preto do guarda-chuva molhado. o cheiro do seu sapato sempre me comoveria; o cheiro do seu sapato molhado, ou o cheiro do barro e do mato, ou de um cachorro que por ventura passasse ao meu lado no ponto de ônibus em algum dia de chuva em que já não chovesse, em que já nada houvesse, em que eu já não lhe conhecesse e nem soubesse o cheiro do seu sapato molhado entranhado nas minhas narinas como um punhal nas minhas costas."
marco anhapoci

domingo, 6 de abril de 2008

Amigos


As amizades, assim como a vida para Charles Chaplin, deveriam ser um processo às avessas. Devo explicar o porquê.
Primeiro sentimos saudade depois nós brigamos ou nos afastamos, somos felizes, imensamente idiotas, fazemos um círculo maior de amigos, conhecemos os parentes, somos integrantes um da família do outro, nos confundimos, nos identificamos, nos conhecemos e não mais nos conhecemos nem sentimos saudades nem temos lembranças.
Quem dera as amizades fossem assim, assim não sentiríamos um vazio inútil, nem nos achamos incompletos por falta de alguém que já existiu pra nos completar. Nem sequer procuramos e recebemos nãos ou não mais nos reconhecemos. Somos felizes exatamente como era antes de se conhecer. E não temos que ver aquele amigo que antes sabia e até mesmo tinha a capacidade de premonição de cada ato não saber ou fingir não saber mais como somos ou do que gostamos.
Aos meus amigos: Infelizmente amizades não são às avessas e mais infelizmente ainda nenhum sentimento de amizade passa tão rápido... Saudades... Memórias... Amigos...
Elisa