sábado, 11 de agosto de 2007

Carta

Contagem, 11 de agosto de 2007




Querido desconhecido:
Tenho vivido muito mais de filosofia do que de viver. Tenho lido alguns livros, não findo nenhum. Eles me falam tudo o que eu preciso saber sobre a vida. Neles está escrito tudo o que eu gostaria de escrever, eles são resultados organizados do meu pensamento turbulento. E tenho vivido por eles. Me escondido atrás de autores que já morreram há anos. Abandonei conselhos de pessoas próximas pra me aconselhar com folhas de papéis, que no fim das contas não são nada além da minha própria interpretação, logo meu próprio conselho.
A solidão é um perigo.
Sinto como se cada livro ficasse com uma ponta da minha inpiração. E a cada fim de poema, texto ou capítulo eu fosse menos eu e mais um monte de palavras. Quando um dia eu morrer, certamente serei um poema escrito ao avesso. Apenas me transfigurarei para minha forma original. Por isso não tenho medo de morrer. Imagina se todos fossem poemas... Eu me apaixonaria a cada esquina.

Atenciosamente,

Elisa Maria

"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece..."

(Clarice Lispector)

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